quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

a via de longe

às vezes, era um gato. cinza e preguiçoso, esparramado no meio do caminho. às vezes é alguém ou muitos alguéns com os quais cruzamos em casa, na rua, na estrada. a vida não é um caminho. mas a gente anda assim mesmo. caminhando. correndo... atropelando!
bom, se a vida é o caminho, eu ainda não encontrei nenhum rastro, nenhuma trilha. e olha que minhas retinas também estão fatigadas! nunca me esquecerei, no entanto, do gato. e é melhor andar com cuidado pela casa, para não tropeçar no folgado.
descobri que pensar no gato é como torná-lo quadro, de natureza morta. o gato como uma pedra. a vida como caminho.
a vida não existe! a vida não é nada. a vida não anda, a vida não passa. nós é que passamos pela vida. nós inventamos a vida. essa vida. esse substantivo. essa palavra, essa metáfora.
enquanto o poeta fica escrevendo sobre as pedras, e o gato se lambe todo, e as vistas ficam cansadas, e as pessoas se automovem, não é a vida que passa. na verdade isso é a morte, não acham?
é de morte que vivemos. a vida vive de morte. e come o tempo, que nem discute.
a vida é a morte. e pra morte não tem saída!
então tá bom, a vida existe.

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