quarta-feira, 6 de julho de 2011

como quem desacorda com o tempo de todos os relógios do mundo, meu coração sofre de arritmia. às vezes em que a vida se apodera de meus sonhos e desmancha toda cor do céu, meu corpo sofre, já sem lágrimas. tudo é tanta falta de sangue circulante que fechar os olhos é como estar bêbado, que no fundo é como estar fraco e tonto também. sem forças. como um banho de água fria sobre o desenho de um corpo vivo. como um papel branco, molhado e murcho. como se fosse a vida se dissolvendo..
e o mundo como a falta de borracha mesmo, apesar de tantos enganos.
o tempo do mundo escorre seu pincel na noite..e eu durmo sem sono. pode ser que demore, mas sempre e só com o tempo, companheiro fiel, pode-se encontrar um céu manhoso com que acordar,

tarde, mas com o coração bom.

sábado, 2 de julho de 2011

a tua voz fala amorosa...

a

"Qual é a tarde por achar
Em que teremos todos razão
E respiraremos o bom ar
Da alameda sendo verão,

Ou, sendo inverno, baste 'star
Ao pé do sossego ou do fogão?
Qual é a tarde por voltar?
Essa tarde houve, e agora não. 


Qual é a mão cariciosa   
Que há de ser enfermeira minha —  
Sem doenças minha vida ousa —   
Oh, essa mão é morta e osso ...   
Só a lembrança me acarinha   
O coração com que não posso.  " Fernando Pessoa